A juventude é um período de muita alegria e de grande privilégio. Quando somos jovens, somos fortes e estamos cheios de energia, temos fé e entusiasmo. É maravilhoso ser jovem, mas ao mesmo tempo pode ser extremamente frustrante; a geração dos mais velhos nem sempre confia na geração dos jovens. Com freqüência os tratam como se ainda fossem crianças; não aceitam facilmente seus direitos e é com muito trabalho que os aceitam como lideres. Esta é uma das razões por que com freqüência os jovens se irritam e frustram-se.
O apostolo Paulo aborda este tema: “Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fies, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza”. ( ITimoteo 4:12)
Timóteo tinha sido posto numa posição de autoridade; era o representante ou delegado do apostolo Paulo em Éfeso e, como tal, era de sua responsabilidade mandar e ensinar. Por outro lado, ele era relativamente jovem. Timóteo provavelmente estava com uma idade em torno dos 30 anos. Em comparação com alguns dos anciãos da igreja, provavelmente ele se sentia muito jovem e, por tanto, havia um perigo real de que desprezassem a sua mocidade e não aceitassem o seu ministério. É possível que alguns dos anciãos sentissem-se ressentidos porque o haviam promovido acima deles, e em conseqüência não aceitavam a sua autoridade e seu ministério.
Muitos jovens podem identificar-se com Timóteo. Como devem reagir os lideres jovens se o seu ministério não é aceito ou se é questionado? Não co indignação ou com ressentimento; não devem responder agressivamente ou promovendo-se a si mesmos; pelo contrario, Paulo dá uma outra alternativa, ele dá a Timóteo seis conselhos:
O primeiro aparece no versículo 12: “Torna-te padrão”. Se Timóteo queria que a sua liderança fosse aceita, teria que dar um bom exemplo, sendo um padrão para os demais. Este é o novo paradigma de liderança que Jesus introduziu: É uma liderança de exemplo, em vez de ser do autoritarismo. O primeiro conselho a um jovem líder é: Torna-te padrão.
O segundo conselho que Paulo dá a Timóteo é identificar-se com a autoridade das Escrituras. No versículo 13 vemos que ele se refere ás Escrituras. Mas isso diz depois de dizer: “Até minha chegada”. Estas palavras expressam a sua consciente autoridade apostólica: Quando ele estivesse presente em Efeso, ele exerceria a autoridade, ele seria o mestre da doutrina e da ética, ele resolveria as discórdias e administraria a disciplina.
A pergunta era: “Como seria enquanto ele estivesse ausente?” Paulo diz a Timóteo:” Até a minha chegada, aplica-te á leitura.” Recordemos que Timóteo não era um apostolo. Que documento Timóteo poderia ler publicamente? Obviamente, as Escrituras do Antigo Testamento.
Entretanto, havia ainda uma outra coisa que Timóteo tinha que fazer: Não somente tinha que ler as Escrituras, mas também pregá-las e ensiná-las. Pregar e ensinar significa exortar e instruir.
Isso é o que Timóteo tinha que fazer na ausência do apostolo, e é o que também nós devemos fazer. Em terceiro lugar, exercite os seus dons. “Não te faças negligentes para com o dom que há em ti” (I Timóteo 4:14).
A referencia parece ser ao que chamaríamos de “ordenação de Timóteo”, na qual os lideres impuseram as mãos sobre ele. Naquela hora lhe fora dado o ministério profético, e também lhe foi outorgado um dom espiritual. Ou seja, a autoridade de pregar, junto com o poder do Espírito Santo.
Para tanto, Timóteo não devia esquecer-se desse dom espiritual, mas sim desenvolve-lo, tal como lhe escreve Paulo em II Timóteo 1:6( “ Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom que há em ti pela imposição das minhas mãos”).Timóteo tinha que recordasse de que Deus lhe havia chamado ao ministério e lhe havia dado o dom.Se as pessoas virem os nossos dons, elas dificilmente deixarão de aceitar o nosso ministério, pois reconhecerão que foi Deus quem no-los deu para o ministério.
O quarto conselho é um complemento do anterior: “Para que o teu progresso a todos seja manifesto”, diz o apostolo. Até agora Paulo se referira ao exemplo de Timóteo, a sua autoridade, a sua comissão e aos seus dons. Agora lhe diz que o seu progresso deveria ser evidente para os outros. Timóteo não somente tinha que estar consciente do seu ministério, que lhe fora delegado, como também tinha que mostrar progresso e melhoria em seu ministério. As pessoas tinham que somente que ver o que ele era, mas também o que ele estava chegando a ser. Procuremos, então, mostrar o nosso progresso. Além disso, vamos dar aos jovens a oportunidade de crescer e progredir.
Agora passemos ao quinto conselho: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina” (v.16). É importante ver como Paulo une a sua vida com os seus ensinos, Timóteo não deveria descuidar-se de si mesmo por ensinar aos outros, nem deveria descuidar dos outros por preocupar-se consigo mesmo. Deveria praticar o que pregava e aplicar os seus ensinamentos tantos a si mesmo como aos outros.
O equilíbrio da liderança cristã exige de nós que perseveremos nessas duas linhas; dessa maneira salvaremos nós mesmos e as demais pessoas. Paulo simplesmente está nos advertindo de que a fé sem obras é morta, e que não dá para ensinar aos outros aquilo que nós mesmos não praticamos.
O conselho anterior nos leva ao sexto. Em Timóteo 5:1-2, Paulo lhe indica como deve cuidar dos seus relacionamentos. Nesses versículos fica evidente que a congregação que Timóteo tinha sob a sua responsabilidade era mista: Mista em sexos, já que havia tanto homens como mulheres, e heterogênea em idades, já que havia anciãos e jovens. A idade e o sexo das pessoas deviam determinar a atitude de Timóteo para com elas. Os lideres cristãos jovens devem ser sensíveis a essas diferenças e não tratar a todos por igual, mas tratar os mais velhos com respeito, a sua própria geração com igualdade, o sexo oposto com prudência e pureza, e todas as idades e ambos os sexo com amor que une a família cristã.
Permita-me resumir estes seis conselhos:
- Torna-te padrão. Deixe bem claro qual é a autoridade, lendo e expondo as Escrituras.
- Exercite os seus dons, evidenciando o chamado de Deus.
- Mostre o seu progresso, para que o seu crescimento espiritual seja evidente para todos.
- Não permita que haja dicotomia entre os seus ensinamentos e o seu comportamento.
- Cuide dos seus relacionamentos, tratando os membros da igreja de acordo com a idade e o sexo.
Estas instruções apostólicas ajudarão o líder jovem a exercer autoridade e a ensinar as Escrituras, como diz o versículo 11, sem que se despreze a sua mocidade e sim que se deixe de aceitar o seu ministério.
Texto publicado em "O Batista Caxiense", edição de Junho/2009
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